sexta-feira, 26 de abril de 2013

Que vazio e desespero constante. Que mágoa. Quantas palavras por dizer. Tantos momentos. Raiva. E muita, muita dor. 
Será pecado pedir para essas memórias desaparecerem? Será pecado pedir para te esquecer ? Só pedia umas horas. Umas horas em que só pensasse em mim, umas horas que pensasse no meu futuro e em como iria ser feliz, umas horas descansadas, felizes, sem ti. 
Culpo-te por não me avisares que isto iria acontecer, assim, tão rápido, tão cedo. Culpo-te por deixares que te amasse de demasiado e por te tornares a uma das pessoas mais importantes da minha vida. 
Culpo-te, ou será que a culpa é minha»
Não se faz isso sabes? 
Ainda não ouço a tua voz, como todos disseram que iria ouvir, ainda não te sinto aqui, como acho que deveria. Não menciono o teu nome como mereces, nem olho para o que é teu com um sorriso na cara.
Digo muitas vezes que sou feita de memórias, de carinhos, de momentos, de palavras, de pessoas. E quanto mais o tempo passa mais percebo que isso é verdade.
Então significa que quando todos os que amo forem embora eu também deixo de existir?
Sim.

quinta-feira, 25 de abril de 2013


Sozinha. É assim que hoje me sinto. Não por estar sozinha na realidade, tenho ali meu pai, minha mãe, meus tios e primos. A sua presença não me acolhe, as suas palavras não me confortam e nem o bolo de mel da minha avó me faz sorrir. Falam comigo e eu respondo, pois não sou mal-educada. Mas as minhas respostas não são verdadeiras. Quando digo que não são verdadeiras, não significa que eu seja mentirosa. Não! Não são verdadeiras porque hoje não estou em mim, hoje não sou eu que estou ali sentada a ouvir as histórias de caça do meu tio. Não sou eu que estou sentada em frente da lareira , com uma chávena de chá a jogar monopólio. Todos repararam que eu estava diferente, quando meu primo começou a comer o bolo com as mãos e não se ouviu na sala o riso estridente que cala qualquer um, o meu. Ninguém me perguntou nada, mas cada par de olhos naquela sala transbordava preocupação e ansiedade. Ouvi minha tia dizer algo a minha mãe enquanto me olhava pelo canto do olho, mas mantive me calada. Sempre fui muito observadora e apesar da timidez que sempre me perseguiu  consigo ver nos olhos de qualquer um, ao longe, o que pensam naquele momento. Talvez seja por isso que nunca fui de falar muito com as pessoas, talvez seja por isso que hoje me sinto assim. Sozinha.

Hoje, enquanto tomávamos o café da manhã, a Laura perguntou-me se eu era feliz. São 11h da noite e estou às voltas na cama com essa pergunta a bombardear me o pensamento. Sei lá se sou feliz! Nunca me preocupei em saber isso porque raio é que hoje me comecei a preocupar? Tenho os meus cães, a companhia da minha família nos almoços de Domingo, a minha aula de ginástica todos os dias de manhã. Até hoje eu chamava a isto felicidade, agora? Agora já não sei! Desde criança que demonstrei interesse na arte da representação. Interesse esse que aos poucos foi destruído por palavras e insinuações dos meus pais. Aos poucos esse sonho foi desaparecendo, ou pelo menos era o que eu achava. Venho hoje a descobrir que estava apenas hibernado, à espera do dia que alguém ou alguma coisa o acordasse (…) Esse dia chegou hoje com a pergunta da Laura.                                                                                                       O trovejar lá fora e o bater da chuva na janela ajudam-me a recordar os tempos de infância. Tempos em que eu lutava pelos meus sonhos, em que acreditava que era capaz de tudo e que quando crescesse ia ser feliz (...)  Eras tão ingénua Marta!